sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Aí-Aí!


Indícios de que a 2ª parte de uma sexta-feira vai ser complicada:

1)      Retorno: volto do almoço e vou escovar os dentes.

2)      Entra o Pit Boy típico no banheiro: bombadinho, cabelo Neymar, camiseta baby “sauro” look, calça jeans rasgada, correntinha...

3)      Gracinhas: O cara já entra no banheiro fazendo gracinha com todo mundo.

4)      Visão do Inferno: O cara abaixa na pia - na sua frente - e fica balançando o cofre de um lado para o outro. (pensei em gritar: “I’m Blind! I’m Blind!”)

5)      Papo Besta: Ele vira pra você e diz:

- Agora eu só queria uma Ferrari e dez loiras

- Eu dispenso a Ferrari.

- ***  pausa para pensar *** HAHAHA...Boa, tem razão


6)      Bichisse:

- Meu, eu tava no shopping e entrou uma mina muuuito gata na loja! E nessas lojas que as atendentes já são gatas! A Loja parou! Ela devia ter chulé, bafo... qualquer coisa! Muito Linda a morena.

- Hum. Era perfeita, né?

- Então! Parecia Sandy e Junior

- Parei! Você é viado! Junior?!?!


Saí do banheiro... a sexta promete.

Agora Falando Sério


Inauguro, agora, uma nova seção nesse blog, a sessão: “Agora Falando Sério”. Assim, como a música do Chico. Nessa sessão (e agora com “S”, pois será um encontro terapêutico, de mim para mim mesmo) eu vou deixar a graça de lado e falar um pouco sobre o que eu sinto, sobre pessoas em minha vida, sobre fatos e acontecimentos... E esse pouco fará com que você, que lê esse blog, me conheça muito. E para quem já me conhece, ratifique algumas certezas!

Esse primeiro eu dedico a todos os amigos, aos meus pais e a minha esposa e filho, mas, em especial, pela situação, à minha irmã e a um amigo do serviço.

Esse texto foi escrito, inicialmente, para um GRANDE amigo que estava passando por uns momentos difíceis, então, esse texto é seu, também, little Brother!

Espero que gostem... Ele tem algumas pequenas alterações, mas a idéia é a mesma do dia que escrevi. Ele se chamava "Réquiem a um Amigo", não pelo fato em si, mas pela dor que ele devia estar sentindo.

Boa Leitura.



Eu podia imaginar o começo de um blog de qualquer jeito – principalmente do meu jeito: fazendo graça - mas acho que uma das funções mais importantes para um texto é fazer o leitor sentir o que o autor sente. E isso é difícil!

Na contramão, é fácil para o autor – pelo menos para esse aqui – se emocionar com os outros e chame de empatia, solidariedade, afinidade; eu chamo de amizade.

E com isso, definitivamente, começo o meu blog. Pode não ser o primeiro texto a ser publicado, mas vai ser o primeiro texto que efetivamente escrevo para alguém ler. E esse texto - essa prece, na realidade - é para um amigo... Não, é para O amigo.

É estranho como a vida da gente dá algumas guinadas que, via de regra, não só nos pega de surpresa, como desmonta a gente. E nessas horas a maior vontade é se esconder em um buraco, jogar tudo para o alto e torcer pra acabar logo... De um jeito ou de outro. E nessas horas é o mundo inteiro contra você: sem razão, só força... Até certa idade (acho que, no meu caso, até uns 60 ou 70... Não sei, só vou saber quando chegar lá!), um bom soco na parede resolve o assunto, mas isso passa a ser insuficiente. A dor ainda é pouca...

São duzentas e “n” coisas passando na sua cabeça e nenhuma delas dá um minuto de folga. O pior: a culpa – pra você mesmo – é toda sua, mesmo que não o seja! E nessas horas eu realmente não sei o que fazer, tanto na posição de problema, como na posição de amigo. E problemas serão sempre problemas: todos têm! Cada pessoa sente na sua intensidade, de 0 a 100%, e para aquele que sofre efetivamente com aquilo – mesmo que essa única pessoa seja 0,001% dos seus amigos - a intensidade da dor é, sempre, 100% pra ele.

Como amigo, acho que só resta ouvir e torcer. Torcer para que tudo acabe bem. Acabe rápido. Acabe em um final feliz, mesmo que finais felizes nem sempre existam. Como ouvinte, cabe ir além de escutar , até porque nem sempre é possível contar o problema - e há de se entender essa parte! Que diferença faz entender isso... E nessas horas, só cabe sentimento... Afinal, nem sempre animar o outro lado é o melhor a ser feito. E com o tempo - com os amigos - a gente vai ganhando essa percepção. E dividindo sentimentos. E só resta rir ou chorar. Com o seu amigo. E dói ver um amigo triste, mais por não ter o que fazer, do que propriamente por sua tristeza.

Então, meu amigo, por mais que o momento, hoje, seja de dor e sentimento de derrota, você não está morto! Vai passar... E, acredite, você fez o seu melhor (e eu não tenho a menor dúvida nessa parte), independente do resultado... E nessas horas também não contam as suas qualidades, por melhores e maiores que sejam (e são), parece que ainda é pouco...

Mas dentre todas as suas qualidades, vale destacar uma: Você é o amigo que me ouve e está comigo sempre que preciso, então eu sei que você vai sair dessa. E, não tenha dúvida, estou com você, sempre!

Um Abraço!


Ainda teremos muitos pores-do-sol pela frente... E o Sol sempre nasce de novo, no outro dia!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Caso da Terça à noite na TV – Parte I

Terça-feira! Era uma dessas terças normais, sem muito pra fazer ou dizer. Fiquei no meu escritório o dia inteiro, consegui fazer um cronograma para encontrar um projeto desaparecido... Como Detetive, já estava de bom tamanho.

Chego em casa às 22h e 30 min., certo de que qualquer coisa não estava certa. Os avisos começaram no carro. O sinal “INSP” piscava no painel.

Significa??? Difícil saber.

Ele pode dizer que estava INSPirado, mas para um carro 1.0, que só chega aos 70Km/h, não pode ser inspiração, no máximo transpiração para passar a mobilete à minha esquerda. Podia ser INSPeção veicular, da prefeitura, mas não acredito que o carro fosse tão “in” assim! Talvez INSPissar
(Google it!), mas não haveria nada que eu pudesse fazer com o carro nesse sentido.  Enfim, tem uma coisa que aprendi nesses anos todos de computação: Não existe tecla “any”! Fato! Por várias vezes o computador já me pediu: “Press Any Key!” e por horas varri cada uma das teclas do teclado... Sem sucesso, a raiva tomou conta de mim e apertei qualquer tecla... Funcionou! Com o carro também deu certo. Essa é a técnica que uso quando não sei o que fazer. O importante não é dar certo ou errado. É ter em quem por a culpa, se der errado.

E antes que você dê a sugestão: manual é para os fracos! E eu precisaria de um banheiro para fazer uma leitura atenta do manual, o que não vinha ao caso.

Desliguei o carro e tomei a mesma decisão de toda a noite: chamar o elevador. Escada é para os fortes! Não é o meu caso. São anos e anos preparando meus músculos abdominais com Big Mac’s e Coca-Colas. Já criamos um vínculo... Não posso perdê-los agora. Até por que, se o fizesse, eu ia ficar parecido com o Lino Vem-que-Tem, do Snoopy, só que ao invés de arrastar um cobertorzinho, eu iria arrastar a pelanca da barriga...

(Esse sou eu, antes de chegar no elevador)


Entro em casa. No sofá uma miniatura do Stay Puft – o Homem de Marshmallow – me aguardava, comendo um Cornetto Chocolate-Caramelo. Seus pés e pernas eram pequenas bolinhas brancas e a barriga não me enganava. Faltavam só o bonezinho e a roupinha de marinheiro.


Caro(a) Leitor(a), faço uma breve interrupção nesse post para dizer: Se eu aparecer morto foi a D. Baratinha que, mesmo grávida e com pés inchados, me alcançou e acabou com a minha raça... Denuncie!

Amor, eu sei que você vai ler isso! É uma piada, tá? Seus pés estão lindos inchados!


- Boa-noite Stay Puft! - Eu disse, tirando meu casaco e meu chapéu. Achei que não era hora, ainda, de me separar do meu coldre e da minha arma...Não sabia que reação ela teria.

- Humpf! Idiota... – Foi o máximo que consegui de volta. Já podia guardar a arma no armário.

Olhei na mesma direção dos olhos de Stay Puft... Super Pop na TV. Meu tormento estava apenas começando.

 
Continua...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A Sobrinha do Führer


Sim amigos, a saga do RPG continua (e ainda tenho mais quatro sessões!!!). Essa história começa na última terça-feira, quando meu celular toca:

- Alô?

- Guten Morgen her Brenu!

*** o sangue gelou! Eu conheço essa voz ***

- Aqui ser da Clínica de RPG. Seu consulta está cancelada nesse sexta.

- Err, ok!

- Entendeu?! Cancelada nesse sexta!

- Sim, obrigado!

A dona dessa voz é uma das minhas fisioterapeutas. Uma mocinha loirinha, magrinha, com um sorriso branquinho... Quando eu cheguei à primeira vez e a vi na porta do consultório, não tinha idéia do que estava por vir. Ela até pareceu simpática! Conseguiu esconder o sotaque alemão, foi light nos exercícios do primeiro dia, até perguntou se eu sentia dores! Mal sabia eu que o motivo de tantas perguntas e tamanho interesse era para aumentar meu sofrimento. Eu devia ter notado algo de errado, de cara, quando ela sugeriu que a posição de postura ao final da sessão era uma espécie de “frango-assado-erótico-com-atores-gordos”!

Tem até um amigo que sonha com a loira nazista, mas acho que no caso dele a história é outra...Enfim!

Bem, ela se superou na última sessão, há umas duas semanas atrás. Mesmo morto de sono, consegui me arrastar e sair da cama. Me troquei rapidinho para o RPG - e com a roupa para vir ao trabalho, dobradinha, na mala - fui embora. Por incrível que pareça, consegui pegar a roupa certa, mesmo com sono!

Claro que, por mais sono que eu tenha, não sou louco de dormir no RPG, na segunda sessão com a sobrinha do Hitler (aka: Loira da Gestapo). Eu sei que ela fareja o meu medo! Quando eu disse que fiquei com dor nas costas durante a semana, ela só disse:

- Uhum! E o que você faz? Exercício!!!

Quem sou eu para discordar? Balancei a cabeça, para frente e para trás o mais freneticamente que eu conseguia. Tenho certeza de ter lido na legenda, dentro dos olhos dela:

- Rá! Her Bebezinho quer mamãe??? Eu não gosto de Judeus! Nem de Gordos! Repita o exercício até que você não sinta mais suas costas...ou seu corpo!

 É, pra ela pouco importa se sou ou não judeu. Ela quer me torturar. Como estou deitado não consigo ver as reações no rosto dela, mas aposto que quando ela pergunta “Tá doendo?” e eu me esforço para dizer um “Aí! Não...”, ela deve dar um sorrisinho e beijar o retrato do tio Adolfinho. Só pode!

Claro que nos treinamentos da Gestapo a simples tortura corporal é insuficiente. Nessa sessão ela utilizou técnicas avançadas de tortura e enquanto eu fazia os exercícios, ela lixava a unha. Quem me conhece sabe que eu não suporto o barulho de lixa de unha e ela descobriu essa minha fraqueza em 2 sessões!!! Pelo menos o sono nem deu as caras! Acho que ele não é macho suficiente para isso!


Ao final da sessão, depois da postura do frango-assado, ela olhou para mim com seu ar de desdém e superioridade ariana – enquanto eu tentava parecer o mais másculo e resistente possível, entre o suor que escorria da minha testa, a camiseta molhada e as pausas para puxar o máximo de ar que eu conseguia.

- A sessão foi boa hoje, her Brenu, hein? Como se sente?

- A-Acho que bem...Obrigado?! (sim, com dúvida! Queria responder um: “O que você acha???!!! Não! Tô morrendo!”, mas não sei se era uma espécie de jogo da cabine, do Domingo no Parque, onde uma resposta “Nãããão” faria com que gases mortais adentrassem o banheiro enquanto eu me trocava.

Depois de me trocar, na saída, ainda tenho que ouvir:

- Se cuida! Até o prrróximo sesson! PRRRÓÓÓÓXXXIIIMMOOO!

...

Deu tempo de olhar para trás e ver um menino sendo empurrado para a sala ,pela mãe, enquanto chorava e fazia sinais da cruz... Tenho medo da sessão daqui a duas semanas...

Oh Dia! Oh Céus! Oh Azar!

Tem dia que é assim. Ou, como diria meu pai: 

- Tem dia que de noite é foda!

Eu me sinto o próprio Hardy Har-har, tenho certeza que tudo vai dar errado. Acho que é uma espécie de Síndrome do Minduim, sabe? Aquela vontade incontrolável de dizer: “que puxa...”. Você sabe que na hora em que você for chutar a bola, alguém vai puxá-lá e você vai ficar lá! Estirado, de costas...

A coisa tá tão ruim, que ontem no FIFA 11 o São Paulo perdeu um amistoso para o Celtic por 3 x 2!!! 3 gols de pênalti, que o juiz disse que meeeeu jogador colocou a mão na bola! HELLOOO, juiz fio d’uma égua! É um jogo, for God's sake! Eu não tenho botões suficientes para controlar a mão dos meus jogadores! Já uso os 8 botões e mais os 3 direcionais!

E depois de uma semana Minduim, a coisa parece que vai voltar ao normal... Pelo menos eu ganhei de 3 patos on-line essa semana! Sim, vocês que estão lendo isso agora sabem que estou falando diretamente com vocês!!! Rá!


Voltamos agora a nossa programação normal...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ataque Aéreo

Era uma vez, dois pernilongos, P1 e P2 (para fins didáticos, querido(a) leitor(a). Se quiser, deixe sugestões de novos nomes nos comentários), que voltavam às 7h da manhã de um inferninho – inferninho, pelo menos, para a pessoa que tentava dormir, mas era atrapalhada pelo zunido de um deles no ouvido, enquanto o outro esgueirava-se para um ataque surpresa no braço descoberto dessa pessoa... Infelizmente os pernilongos, hoje em dia, não respeitam mais nada! Uma pessoa cansada só quer dormir, quando muito estar na Felizlândia, com o Plucky Duck...

O inferninho era no Centro Expandido de São Paulo (centro expandido, sim!), próximo a região da Mooca, onde fica uma pequena Clínica de Fisioterapia. Embriagados pelo sangue da última noite e cansados do vôo, eles decidem pousar em uma das janelas:

P1: - Para... ARF... Para! Ta dando aquela câimbra...ARF... na lateral da barriga! A gente tá voando a muito tempo... Estou exausto!

P2: Eu falo pra você, ‘pega leve nesse sangue! Já tá tarde! Vai passar mal!’. Você escuta?

P1: Mas tava bom! Eu tava com fome! E vai dizer que você também não se esbaldou?

P2: Tá bom! Mas eu não tenho gastrite! Você com essa mania de perseguição, achando que todo mundo tá com uma dessas ridículas ‘raquetes elétricas’ verde-limão-fluorescente pra matar a gente, ficou assim: Gastrite Nervosa.

P1: Tá, me deixa quieto aqui na janela um pouco...ARF!

P2: Véi?! O Véi! Olhá lá, na maca!

P1: Credo! Esse tem muito colesterol, já to cheio!

P2: Nããooo, mas olha o gordinho! Tá engraçado! Vamô Sacanea o cara! A janela tá aberta! Olha que ridículo! A fisioterapeuta falou “Abraça as duas pernas e segura”. O bicho tá suando!

P1: E aí, o que a gente faz?

P2: Assim, primeiro eu entro, e fico perto do pé dele. Do jeito que ele está, deitado, de costas e com essa pança, eu podia ser um bugio que ele nem ia me ver! Aí eu subo no pé dele, assim que ele descer as pernas, só pra ver se ele sente...

Segundos depois...

P2: Falei! Ele não sabe se segura as pernas dobradas ou se coça o pé! Rá! Ele não sabe se a menina tá olhando pra ele ou não e tá com medo de parar o exercício!

P1: Peraí! Deixa eu tentar também! Vou picar ele no pé esquerdo...

P2: Ó o colesterol...

P2: Deu certo! Agora quando ele desce as pernas ele as desce de lado, pra ver se coça a picada na maca, sem ela perceber! Hahahaha!

P1: Vai mudar o exercício, vamos ver... Hummm, agora a perna fica dobrada sobre o joelho... Ele tá coçando, discretamente, a picada.

P2: Beleza! Vou aproveitar e picar o pé direito, já que são dez repetições, ele vai ter que esperar pra coçar o outro pé!

P1: Hahahaha, deu certo! Mesmo com a perna dobrada ele está tentando alcançar o pé direito! Hahahaha! Hilário! Perna dobrada sobre a outra e o gordinho se dobrando...ARF... Fiquei sem ar!

P2: Calma, senta um pouco aí e espera. Deixa ele coçar e pensar que venceu. Assim que mudar o exercício a gente pica ao mesmo tempo!

Minutos depois...

P2: A hora é essa! O exercício agora é segurar atrás do joelho e esticar a perna pro alto. Pega na panturrilha!

...

P1: HAHAHAHAHAHA! Olha lá a moça brigando com ele, que ele tem que deixar as costas inteira na maca! Ele nem falou nada que tá querendo se coçar! HAHAHAHAHAHA

P2: Ele tá se segurando pra não coçar! Sério que ele vai fazer o exercício inteiro?! HAHAHAHA... Vamos esperar que parece que tá acabando...

...

P2: Agora sim! O ‘pièce de résistance’. A Cereja do Bolo! Ela tá amarrando o pé dele na corda! Ele vai ter que ficar uns 5 minutos com os pés pro alto, calcanhares colados e joelhos pra fora! HAHAHAHA... Só a posição já é engraçada suficiente! HAHAHA

P1: Parece um peruzão gordo! Alguém devia aproveitar agora e rechear o gordinho pela buzanfa!!! HAHAHAHA... Dá uma cachaça pra ele!

P2: Rapaz! A perna dele tá tremendo! É agora! Chega por baixo da camiseta regata e pega ele bem na curvinha das costas! Carne macia e sem muita gordura! Ele não pode se mexer, vai ser muito engraçado!

...

P2: Para P1, ele tá tentando se mexer, com as pés amarrados! HAHAHAHA... Muito bom isso!

P1: Meu, que café! Vamô embora!”


E assim acabou mais uma sessão de RPG... Eu me coçando no banheiro, enquanto me trocava, e xingando esses pernilongos filhos de uma puta!

Claro que, assim que eu saí da clínica, abri o carro e fiquei me abanando - enquanto aquele cheeeeeiro de cebola e azeite, que vazaram do pote de carne louca, no carpete, no último fim de semana, subia pela rua.
  
Acho que ouvi os risos daqueles dois pernilongos filhos da puta... lá longe... na janela.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

RPG

"Ele sabia que o dia estava estranho. Acordou com a luz, ainda incipiente, batendo em sua choupana. Levantou-se, deixando a amada deitada. Sabia que a missão seria difícil. Ele sentia dentro de sua própria alma.

Ao se preparar para a batalha, passou pela última vez pela esposa e beijou-a docemente, dizendo ao seu ouvido:

- Amada! É chegada a hora. Não sei se vivo retornarei! Cuida bem de nosso filho. Espero trazer riqueza e glórias ao nosso clã, mas essa aventura ainda me é desconhecida... Durma! Que os bons deuses protejam vosso sono.

Tratou de vestir-se apropriadamente, conforme fora orientado pelos anciões - ao que tudo indica, para os anciões, era uma boa idéia trajar-se de bermuda e camiseta regata - enfim, trajado e pronto, apagou a fogueira do acampamento e postou-se ao lado de seu cavalo negro. Sabia como chegar ao destino (tinha visto no Google Maps um dia antes, era um cavaleiro precavido), só não sabia o que lhe aguardara.

Seguiu pelas vias tortuosas, desviando-se dos outros animais nas ruas, afinal eram seis e quarenta da manhã! Seu destino era certo e sua chegada esperada para as sete horas. Conseguiu desviar de uma mula, guiando seu New Besouro Branco – Volkswagen, que havia ignorado a preferência da senda. Ao passar ao seu lado, com ódio no olhar, proferiu:

- Oh, ser ignóbil! Ide ao encontro de seu orifício retrofuricular!

Já próximo ao seu destino, a voz da consciência lhe avisa sutilmente do perigo que espreita, com uma frase subliminar, ainda não entendida por completo pelo nosso herói “Agora Fudeu!”, ela dizia, repetidamente. 

Ele encontra o castelo, deixando seu cavalo estacionado embaixo da placa de Zona Azul (antes das 8h, nosso herói, alfabetizado, viu que era permitido).

Ainda com suspeita no olhar e coração aflito ele começa a adentrar o castelo – que pelo horário não contava com soldados nas portas de entradas, apenas a moça da faxina, que lhe perguntou:

- O que queres aqui, Ó cavaleiro?

- Vim enfrentar meu destino! Creio ter apontamento para tanto, nesse mesmo horário!

Ela indicou-lhe as escadas.

Olhando para os lados subiu lentamente cada degrau. O ar já lhe faltava nos pulmões. Entrou na segunda sala aberta, onde sabia ser esperado. Talvez ganhasse experiência após essa batalha! Quem sabe, com sorte, algum tipo de poção ou magia. Talvez tesouros!

Ao entrar deparou-se com uma feiticeira. Ela já sabia seu nome e o motivo de sua ida àquele local. Seus trajes eram brancos e seu olhar penetrante. Ela disse:

- Cavaleiro, é chegada à hora. Estenda a toalha sobre a maca!

- Mas...

- SILÊNCIO! Deite-se com as costas bem apoiadas. Primeiro segure a perna esquerda sobre a direita e puxe em direção ao ombro. Segure por dez segundos! Em dez repetições! Depois levante as duas pernas estendidas e as segure no alto, por mais dez..."

E foi assim minha primeira sessão de RPG... E eu juro que pensava que RPG era outra coisa!!! Foram tantos anos de Dungeons and Dragons, Magic, Final Fantasy... Até mesmo Hero Quest! Mas nada havia me preparado para aquilo... Nada...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Conversas de bebum – Parte Final

(Parte 1? – Aqui)

No último capítulo, Jambo e Ruivão... Err, retomando para um rápido interlúdio. Depois da grande descoberta de que o logo da Puma tem um cachorro, podemos chegar a duas conclusões:

a)      O tio tava muuuuuito doido; ou

b)      Rapaz, os óculos eram tão piratas, mas tão piratas, que tinham o Pluto desenhado ou algo assim! Sério! Infelizmente dada a minha completa e total miopia, não foi possível validar esse fato, portanto vamos de primeira opção. Até porque, os próximos acontecimentos convalidam a primeira opção.

O tio tirou os óculos do amigo da embalagem – e por embalagem entenda apenas um saco plástico transparente – colocou-os, tirou os óculos que estavam no boné, “limpou” na camiseta suja e guardou no saquinho, dizendo:

Pronto! Esse agora é meu! Ele olhou para o rapaz ao lado dele (e nessa hora eu tive a vã sensação de ser salvo) e completou “Fala se não tá da hora! Rã!” A resposta do rapaz foi um breve acenar de cabeça. Ele pelo menos podia ter distraído o bebum por tempo o suficiente para que nós pudéssemos usar a velha tática Leão da Montanha: Saída pela direita...

Viagem segue – sim, ainda – o bebum olha pra gente e começa:

É que meu amigo mora longe, não dá pra ele comprá o óculos. A gente marco de ir pro mato junto. Tá tudo aqui na minha sacola! Eu trouxe o arroz e o bife... E tem uma farofinha. É chegá no mato é pá! Acende o fogo, esquenta o rango e pronto. (Nessa hora ele dá um tapa na sacola. Para nos dar certeza de que a comida estava lá. Acho que é uma nova modalidade de farofada no mato, ao invés de praia... Ou um disque sobrevivência: você liga e ele leva a comida e os óculos escuros para você, no mato!)

Tá tudo aqui... Eu até já tomei uma pinga. Porque quando você vai pro mato tem que toma umas cachaça – foram só duas – mas assim as cobra fica longe. Elas não picam quem tômo pinga.

Não tenho muita certeza, mas, se me conheço bem, nessa hora eu já devia estar com a boca aberta e olhos arregalados, olhando do bebum pra minha esposa e dela pro bebum outra vez.

Mas, sério, Bebum? Quer dizer que tomar pinga espanta as cobras? Porra, Instituto Butantã, o que vocês andaram fazendo que não testaram a cachaça nos ratinhos? Ia ser no mínimo interessante... Aliás, conheço um cara que estudava por lá. Ele dava banho nos ratinhos... Com mais uma pinguinha, um jantarzinho... Hein??? Já pensou??? O importante é a ordem, tá? Pinguinha, jantarzinho e depois o banho... Daí pra frente deixe a natureza seguir seu curso (Pode me xingar! Não dava pra perder a piada, irmão!).

Bom, já que não dava para acelerar a viagem e depois de uma dessas, só me restava ouvir o bebum. Ele olhava pra mim, olhava pra minha esposa – tenho dúvida se ele já não estava vendo dobrado e ficou rindo pra nós quatro, sem entender como cabiam tantas pessoas no trem.

Casal! Vocês viram que outro dia o casal foi assaltado lá em São Paulo! (É Amigão, acho que outro dia foi o casal e mais umas 550 pessoas! Ficou fácil saber a que notícia o senhor se refere). Mas fiquem tranqüilos, viu, eu não sou bandido. Sô trabalhadô. Num to trabalhando mais, só isso. Mas São Paulo tá perigoso, viu?

A coisa tá perigosa! (A conversa tinha virado um monólogo, eu só olhava pro bebum e me limitava a um ”é” e um “huhum” vez por outra). Eu vejo nos jornal todo dia! Uma vez eu viajei com uma bandida. É! Era uma mulhé, lora, que ficava conversando comigo. Do meu lado, assim, no ônibus. Simpática, cheia de jóia. Mas ela era bunita... Bunita que parecia feita no pincel, de tão bunita. E ela falava comigo. Quando o ônibus parou, os policia entrarô e falaram pra bandida fica quieta, que eles sabiam que ela tinha robado. E eu fiquei olhando, ela não falou nada... Mas era bunita, viu? (convenhamos, o cara tava bêbado, mas “bonita, que parecia feita no pincel”, já valeu a viagem inteira).

Não sei em que mato ele ia se enfiar, mas finalmente chegamos a Ribeirão Pires. Despedimos-nos do bebum com um rápido aceno de cabeça, e ouvindo ele se despedir.

Fiquem com Deus!

Ainda deu tempo de vê-lo se levantar até o banco do outro lado e dizer:

Oxê! Achei mais vinte e cinco centavos! Beleza, dá pra interá mais uma cachaça no boteco a hora que eu chega! Rárá!

É... Sinceramente, se a gente não ficasse ali por perto do centro mesmo, eu não ia pensar duas vezes pra pedir uma pinguinha... Sabe como é, Ribeirão Pires... Mato... Só pra espantar as cobras!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Chuva

(contém spoilers... poucos!)


Mais um dia no escritório... Mais um dia com a cabeça longe. No meio de planilhas, relatórios e gráficos, só consigo pensar naqueles que deixei lá fora e de quanto à vida deles depende de mim.

Penso nos problemas e nas tristezas. Penso. E tem horas que nem mesmo sei quem sou! Como é difícil ser pai e estar disposto a qualquer coisa para cuidar de sua família. E a culpa e a confusão de pensamentos não ajudam em nada! Mas você sabe que tem que seguir em frente... Não importa a chuva, não importa com quantas pessoas seu caminho irá cruzar. Não importa o que lhe aconteça.

Tentar descobrir as coisas, como um detetive, também não está ajudando. É difícil estar em uma cidade tão grande e notar que as pessoas – pelo menos em sua maioria – só se preocupam com seus próprios problemas. O que elas ganharam ou – principalmente – perderam, só diz respeito a elas... E ajudar, quase sempre, está fora de cogitação. Mas eu ainda acredito nas pessoas, sei que existem boas almas por aí... Às vezes, só precisam ser convencidas.

Humpf...Eu aqui, nesse escritório. Como um policial em sua sala fechada. Sem equipamento, sem material. Para ter um pouco de paz até imagino minha mesa no meio de uma floresta ou dentro do oceano, quem sabe assim volto a me concentrar no trabalho.

Não dá! Parece um vício! Uma necessidade! As mãos tremem e caminhar é mais difícil... Espero que ninguém tenha notado. Não é fácil ser o cara novo no emprego, e não importa o quanto você conhece e de onde veio.

Estranho é achar que sou mulher! A maldita insônia que me persegue e o fato de estar sozinha, não ajudam em nada. É difícil se achar indefesa. Correr para onde? Se esconder? Pedir ajuda? Parece um grande pesadelo... Só não sei até quando vai ser assim.

Então volto a ser homem, ser pai! Pensar em tudo que passou, no que deu certo e no que deu errado. Tenho que buscar forças para seguir em frente, com dor, com raiva, com fome. Ainda que dá tempo de passar pela geladeira e beber uma água. Com sorte, até sentar um pouco, para ordenar os pensamentos. Mas é difícil. Eu sei que ele está lá fora e sei quem depende de mim. Só não sei quem pode me ajudar...

O telefone do escritório toca de novo! Hora do almoço... Eu até já tinha pego papel e caneta para anotar um novo pedido da Pastelaria Digital, mas deixa pra lá. Hora de esquecer um pouco... Estranho como olhar o papel de recados me faz, mais uma vez, ser enviado para longe... Esse papel quadrado... E de novo lembro: Maldito Assassino do Origami!

Será que a porra do dia vai demorar pra passar??? Não vejo a hora de chegar em casa, pegar o controle do PS3 e terminar com essa história! Heavy Rain vicia!!!