quarta-feira, 6 de outubro de 2010

RPG

"Ele sabia que o dia estava estranho. Acordou com a luz, ainda incipiente, batendo em sua choupana. Levantou-se, deixando a amada deitada. Sabia que a missão seria difícil. Ele sentia dentro de sua própria alma.

Ao se preparar para a batalha, passou pela última vez pela esposa e beijou-a docemente, dizendo ao seu ouvido:

- Amada! É chegada a hora. Não sei se vivo retornarei! Cuida bem de nosso filho. Espero trazer riqueza e glórias ao nosso clã, mas essa aventura ainda me é desconhecida... Durma! Que os bons deuses protejam vosso sono.

Tratou de vestir-se apropriadamente, conforme fora orientado pelos anciões - ao que tudo indica, para os anciões, era uma boa idéia trajar-se de bermuda e camiseta regata - enfim, trajado e pronto, apagou a fogueira do acampamento e postou-se ao lado de seu cavalo negro. Sabia como chegar ao destino (tinha visto no Google Maps um dia antes, era um cavaleiro precavido), só não sabia o que lhe aguardara.

Seguiu pelas vias tortuosas, desviando-se dos outros animais nas ruas, afinal eram seis e quarenta da manhã! Seu destino era certo e sua chegada esperada para as sete horas. Conseguiu desviar de uma mula, guiando seu New Besouro Branco – Volkswagen, que havia ignorado a preferência da senda. Ao passar ao seu lado, com ódio no olhar, proferiu:

- Oh, ser ignóbil! Ide ao encontro de seu orifício retrofuricular!

Já próximo ao seu destino, a voz da consciência lhe avisa sutilmente do perigo que espreita, com uma frase subliminar, ainda não entendida por completo pelo nosso herói “Agora Fudeu!”, ela dizia, repetidamente. 

Ele encontra o castelo, deixando seu cavalo estacionado embaixo da placa de Zona Azul (antes das 8h, nosso herói, alfabetizado, viu que era permitido).

Ainda com suspeita no olhar e coração aflito ele começa a adentrar o castelo – que pelo horário não contava com soldados nas portas de entradas, apenas a moça da faxina, que lhe perguntou:

- O que queres aqui, Ó cavaleiro?

- Vim enfrentar meu destino! Creio ter apontamento para tanto, nesse mesmo horário!

Ela indicou-lhe as escadas.

Olhando para os lados subiu lentamente cada degrau. O ar já lhe faltava nos pulmões. Entrou na segunda sala aberta, onde sabia ser esperado. Talvez ganhasse experiência após essa batalha! Quem sabe, com sorte, algum tipo de poção ou magia. Talvez tesouros!

Ao entrar deparou-se com uma feiticeira. Ela já sabia seu nome e o motivo de sua ida àquele local. Seus trajes eram brancos e seu olhar penetrante. Ela disse:

- Cavaleiro, é chegada à hora. Estenda a toalha sobre a maca!

- Mas...

- SILÊNCIO! Deite-se com as costas bem apoiadas. Primeiro segure a perna esquerda sobre a direita e puxe em direção ao ombro. Segure por dez segundos! Em dez repetições! Depois levante as duas pernas estendidas e as segure no alto, por mais dez..."

E foi assim minha primeira sessão de RPG... E eu juro que pensava que RPG era outra coisa!!! Foram tantos anos de Dungeons and Dragons, Magic, Final Fantasy... Até mesmo Hero Quest! Mas nada havia me preparado para aquilo... Nada...

4 comentários:

Teresa disse...

Quantas vezes vc assistiu ao Mundo de Bob??? rs

Brenu S. disse...

Acho que umas 20 vezes... Cada Capítulo!

Unknown disse...

kkkkkkkkkkk orifício retrofuricular!kkkkkk
Me acabo com vc... Eita terreninho fértil esta sua kbça!!!

Al Fear disse...

Faltou jogar o dado de vinte.
Bom texto!