sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A Sobrinha do Führer


Sim amigos, a saga do RPG continua (e ainda tenho mais quatro sessões!!!). Essa história começa na última terça-feira, quando meu celular toca:

- Alô?

- Guten Morgen her Brenu!

*** o sangue gelou! Eu conheço essa voz ***

- Aqui ser da Clínica de RPG. Seu consulta está cancelada nesse sexta.

- Err, ok!

- Entendeu?! Cancelada nesse sexta!

- Sim, obrigado!

A dona dessa voz é uma das minhas fisioterapeutas. Uma mocinha loirinha, magrinha, com um sorriso branquinho... Quando eu cheguei à primeira vez e a vi na porta do consultório, não tinha idéia do que estava por vir. Ela até pareceu simpática! Conseguiu esconder o sotaque alemão, foi light nos exercícios do primeiro dia, até perguntou se eu sentia dores! Mal sabia eu que o motivo de tantas perguntas e tamanho interesse era para aumentar meu sofrimento. Eu devia ter notado algo de errado, de cara, quando ela sugeriu que a posição de postura ao final da sessão era uma espécie de “frango-assado-erótico-com-atores-gordos”!

Tem até um amigo que sonha com a loira nazista, mas acho que no caso dele a história é outra...Enfim!

Bem, ela se superou na última sessão, há umas duas semanas atrás. Mesmo morto de sono, consegui me arrastar e sair da cama. Me troquei rapidinho para o RPG - e com a roupa para vir ao trabalho, dobradinha, na mala - fui embora. Por incrível que pareça, consegui pegar a roupa certa, mesmo com sono!

Claro que, por mais sono que eu tenha, não sou louco de dormir no RPG, na segunda sessão com a sobrinha do Hitler (aka: Loira da Gestapo). Eu sei que ela fareja o meu medo! Quando eu disse que fiquei com dor nas costas durante a semana, ela só disse:

- Uhum! E o que você faz? Exercício!!!

Quem sou eu para discordar? Balancei a cabeça, para frente e para trás o mais freneticamente que eu conseguia. Tenho certeza de ter lido na legenda, dentro dos olhos dela:

- Rá! Her Bebezinho quer mamãe??? Eu não gosto de Judeus! Nem de Gordos! Repita o exercício até que você não sinta mais suas costas...ou seu corpo!

 É, pra ela pouco importa se sou ou não judeu. Ela quer me torturar. Como estou deitado não consigo ver as reações no rosto dela, mas aposto que quando ela pergunta “Tá doendo?” e eu me esforço para dizer um “Aí! Não...”, ela deve dar um sorrisinho e beijar o retrato do tio Adolfinho. Só pode!

Claro que nos treinamentos da Gestapo a simples tortura corporal é insuficiente. Nessa sessão ela utilizou técnicas avançadas de tortura e enquanto eu fazia os exercícios, ela lixava a unha. Quem me conhece sabe que eu não suporto o barulho de lixa de unha e ela descobriu essa minha fraqueza em 2 sessões!!! Pelo menos o sono nem deu as caras! Acho que ele não é macho suficiente para isso!


Ao final da sessão, depois da postura do frango-assado, ela olhou para mim com seu ar de desdém e superioridade ariana – enquanto eu tentava parecer o mais másculo e resistente possível, entre o suor que escorria da minha testa, a camiseta molhada e as pausas para puxar o máximo de ar que eu conseguia.

- A sessão foi boa hoje, her Brenu, hein? Como se sente?

- A-Acho que bem...Obrigado?! (sim, com dúvida! Queria responder um: “O que você acha???!!! Não! Tô morrendo!”, mas não sei se era uma espécie de jogo da cabine, do Domingo no Parque, onde uma resposta “Nãããão” faria com que gases mortais adentrassem o banheiro enquanto eu me trocava.

Depois de me trocar, na saída, ainda tenho que ouvir:

- Se cuida! Até o prrróximo sesson! PRRRÓÓÓÓXXXIIIMMOOO!

...

Deu tempo de olhar para trás e ver um menino sendo empurrado para a sala ,pela mãe, enquanto chorava e fazia sinais da cruz... Tenho medo da sessão daqui a duas semanas...

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